18 março 2007

Três apontamentos sobre os táxis de Pequim

Os táxis de Pequim fazem parte do meu dia-a-dia.
Posso mesmo dizer que foi através deles que aprendi a dizer as minhas primeiras palavras de Chinês, como a morada de casa e do trabalho, sempre em frente, esquerda, direita, recibo, obrigado, etc.
Os táxis de Pequim são como o que esta fotografia ilustra.
São carros relativamente recentes, normalmente da marca Hyundai, modelo Elantra.

Para a descrição ficar completa, existem três características que merecem ser realçadas:
  1. Os Táxis de Pequim cheiram frequentemente a alho. O cheiro é de tal forma intenso e nauseabundo que qualquer vampiro deve deixar uma margem de se gurança de pelo menos uns quilómetros. É frequente eu ir para o trabalho de manhazinha, com um frio de rachar, e ter de ir com a janela completamente aberta. Os taxistas devem estranhar... ;
  2. Nos Táxis de Pequim vamos sempre a ouvir contar histórias... em chinês. Os taxistas têm quase sempre o rádio sintonizado numa estação em que está um homenzinho a contar histórias. Creio que será tipo uma radionovela que vai tendo episódios atrás de episódios, mas não tenho a certeza. Parece sempre igual... Exclamações, entoações e tudo. Apenas não se trata de uma radionovela, pois só existe um narrador, e não existem diferentes vozes para as diferentes personagens. Obviamente, não percebo absolutamente nada, mas admiro a capacidade de contar histórias do "tal" narrador (e ainda mais a paciência dos taxistas para estarem sempre a ouvir isto);
  3. Os Táxis de Pequim são geradores de energia. Depois de pagar, pedir o "fapiao" (recibo), e dizer o "xie xie" (obrigado) da praxe, é frequente, ao fechar a porta do carro, apanhar um choque de electricidade estática. Não se trata de um choque qualquer: é mesmo uma brutalidade. Creio mesmo que em algumas vezes os meus ossos começaram a dar luz, como nos desenhos animados. Já começo a ganhar alguns truques, como o fechar a porta com a manga, ou empurrá-la apenas pelo vidro, mas ainda é frequente esquecer-me: nesses casos... ZZZap! Fico esturricado.

7 Comments:

Blogger Clave de Sol said...

Lindo! João não pude deixar de me rir com estas descrições sobre esta realidade que também conheço. Alex

19 março, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Para todos é tudo chinês. Mas consola-te que aqui também eles falam, falam, falam, fartam-se de nos contar histórias, histórias e aquilo não tem nada a ver com a realidade.

Também são tudo mentiras.
pai

19 março, 2007  
Blogger Ed said...

Este comentário foi removido pelo autor.

20 março, 2007  
Blogger Ed said...

Não sei se prefira um eLantra com cheiro a alho ou um 190d com cheiro a suor do barrigudo que vai ao volante... estou dividido!

Os estofos do carro são em tecido? Evita movimentos que façam fricção entre a tua roupa e o estofo, normalmente é uma das coisas que te carrega de estática.

20 março, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Ó Tunes, o que é que estás para aí a insinuar?
Para produzir essas quantidades de electricidade estática era preciso o "desterrado" ter umas vinte pulgas na roupa e estar de mãos atadas para não se coçar...
De resto, fricção entre a roupa e o estofo nesses termos, só insinuando mais qualquer coisa que, à partida, ninguém se lembrava com o pivete a alho.

P.S. Fecha a janela do taxi. Parece que o alho faz bem, até ao cancro.
E também porque a electricidade estática poderá vir da fricção do ar em movimento nos estofos... (ah, ele é de História e tal...)

21 março, 2007  
Anonymous Anónimo said...

A estática (não confundir com estética) deve-se à fricção do ar frio com a massa metálica.

É uma oportunidade de negócio:

Tradicional - Comercializar daquelas fitinhas que se penduram na traseira do carro para descarregar para a terra.

Inovadora - Desenvolver um sistema de aproveitamento dessa energia, para, por exemplo, desembaciar vidros

Neste não vai um abraço porque deves dar choque...

21 março, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Quando é que pedes a alguém pa te tirar uma foto a fechares a porta do taxi ;o)?

21 março, 2007  

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